2019 foi um ano que trouxe algumas mudanças a nível laboral, mas conseguimos ir a um sitio que já há muito estava na minha lista: a ilha de São Miguel nos Açores.
Aproveitei o convite que o meu grande amigo de infância Bruno me fazia sempre, ir para casa dele em Ribeira Chã e lá fomos nós para uma semana de aventura com o miúdo.
Planeei tudo antes, o que ver em cada dia, as distâncias de tudo para tentar arranjar o cenário ideal e não tornar os dias uma seca para o Dudz.
Apanhamos o voo de manhã e chegamos perto da hora de almoço, fomos buscar o carro que tinha sido previamente alugado e paramos no Continente de Ponta Delgada para comprar umas coisas e almoçar. Como o carro estava bem estacionado aproveitamos para ir a pé até às portas da cidade, beber um café e ver as vistas. Não havia muitas pessoas e não fiquei particularmente surpreendido pela cidade ou infraestruturas que oferecia, mas verdade seja dita, não vim para São Miguel para ver cidades.
Antes de ir para casa decidimos descansar no Jardim António Borges, ver as árvores raras deixar o Dudz ver os patos. O jardim está muito bem organizado e muito bem cuidado (ouviram?? Malta que gere o Jardim Botânico de Belém), uma paragem obrigatória para descansar um pouco as pernas.
A meio da manhã do dia 2 fomos em direcção á Lagoa do Congro, água de um verde forte com árvores à volta e como estava nevoeiro dava-lhe um ar místico. Alguma chuva, um pouco fresco, mas como tínhamos que andar um pouco até soube bem.
Decidimos seguir caminho para o Miradouro do Pico do Ferro, estava super excitado para as vistas mas... NEVOEIRO! É verdade, nevoeiro cerrado, não consegui ver nada... De vez em quando com o vento o nevoeiro dispersava um pouco e lá se via um pouco das Furnas, mas depressa voltava a ficar uma imensidão de cinzento. Decidimos descer e visitar as furnas então, visto que do alto não me safava tão depressa.
Gostei bastante das Furnas, o cenário e toda a envolvência é super apelativa, não fosse o cheiro a ovos podres (enxofre). Mais uma vez o Dudu adorou o passeio e ver os patos de um lado para o outro.
Assim que aprendemos a lidar com o cheiro (será que aprendemos?) é impossível não nos maravilharmos com as vistas e com todos aqueles buracos no chão com água a ferver. A terra vive!
Ao sair ainda passamos no jardim Caldeira das Furnas que acho tão interessante como a Lagoa das Furnas. Ok, não tem a lagoa a dar-lhe um ar mágico, mas este jardim muito bem cuidado foi construído à volta das caldeiras e das furnas no local e está muito bem conseguido. Só não aconselho ninguém a lanchar e descansar ali no jardim, conseguem imaginar porquê, não é?
O dia 3 começou muito lento, já perto da hora de almoço. O Dudz não passou muito bem a noite, com pesadelos e estava um pouco doente da barriga (talvez das curvas ou da refeição do primeiro dia que foi numa espécie de fast-food e mesmo sem molho... é o que é) e decidimos deixá-lo dormir enquanto fui à farmácia comprar umas coisas para o ajudar.
Fomos em direcção ao norte da ilha, para Ribeira Grande. A primeira paragem onde nos perdemos umas horas foi no Miradouro da Pedra dos Estorninhos e na Queda de Água do Salto da Farinha. O acesso não é fácil para quem leva uma mochila com o pequeno ás costas, principalmente porque se descemos também temos que subir a seguir, e ainda foram uns bons minutos a descer, portanto a subida no final foi mais complicada, mas as pernas aguentam!
Este tipo de zonas tem sempre bons acessos pedonais, tudo marcado, bastante fácil dar com os sítios. A paisagem é sem dúvida deslumbrante.
Devido ao dia ter começado tarde e com alguns percalços com o pequeno, fomos só ver o Parque Natural da Ribeira dos Caldeirões e voltamos a casa. O parque, mais uma vez, é maravilhoso a cascata no meio faz tudo parecer mágico. Realmente em termos de beleza natural os Açores preenchem os requisitos todos.
Quarto dia foi dedicado à Lagoa das Sete Cidades, palavras para quê? É basicamente o motivo de todos irem a São Miguel e realmente não desilude. A vista tanto do Miradouro como do topo do hotel abandonado são de tirar o fôlego a qualquer um.
Antes da Lagoa das Sete Cidades ainda fomos ao Miradouro da Lagoa do Canário e da Boca do Inferno e já dão um cheirinho do que vamos ver no Miradouro da Vista do Rei. A Lagoa do Canário é ainda mais bonita que a Lagoa do Congro. O caminho entre as árvores e ver a lagoa a aparecer é qualquer coisa tirado de um filme.
Depois de algumas horas a explorar as vistas mais bonitas da ilha fomos até Ponta da Ferraria. Somos obrigados a deixar o carro cá em cima no estacionamento e descer uma estrada super inclinada para chegar a umas termas que estão abandonadas, mas o pessoal ainda usa a costa à volta para dar uns mergulhos, portanto não compreendo porque obrigam as pessoas a fazer este caminho todo a pé. Tentei ir à água, mas em vão, não estava quente e como o ar estava fresco, foi impossível mergulhar, fiquei-me por molhar os pés. Voltar para cima foi um bom cardio, mas realmente o sitio não vale a pena o esforço.
Ao voltarmos para casa decidimos ir pelo norte para poder passar na cascata do Salto do Cabrito e na Lagoa do Fogo, totally worth it! A cascata é linda, pena não estar sinalizado o parque de estacionamento mesmo cá em baixo. Portanto se forem lá lembrem-se que podem levar o carro até lá abaixo. A Lagoa do Fogo estava envolta em nevoeiro que lhe dava um ar místico brutal, valeu muito a pena o desvio.
Último dia das nossas férias nos Açores começou com uma caminhada em Faial da Terra. 4,5km circular para ver a cascata Salto do Prego no meio da floresta. Estava super excitado para isto e não desiludiu em nada. A caminhada foi de curta distância pois tinha o Dudz na mochila ás costas e não queria arriscar algo muito longo, não só pelas minhas costas como por ele. Andar no meio "da selva" a subir o rio com aquele ar puro todo e aquelas paisagens, o som, o cheiro, as cores... nem sei o que dizer. É mágico e dá-nos vida. Fizemos o nosso picnic simples perto da cascata enquanto atirávamos pedrinhas para dentro de água para distrair o Dudz um pouco, mas nem era preciso distração porque ele andava maravilhado. Ao voltar para o carro ainda desce bastante num chão em pedra propício a escorregar, é preciso algum cuidado, mas as vistas são de cortar a respiração, a aldeia no fundo do vale com o mar logo á frente é qualquer coisa.
O último destino foi a Poça da Dona Beija. Estava na dúvida se devia ir a este ou ao parque Terra Nostra, mas vi algumas pessoas a dizer que o parque Terra Nostra não tinha nada de especial para ver e que toda a envolvência da Poça da Dona Beija era incrível. E realmente é verdade que o sitio onde a Poça da Dona Beija está inserido é qualquer coisa de extraordinário. Existem balneários para deixarmos as coisas e trocar de roupa e eventualmente tomar banho no final, trocamos de roupa e lá fomos nós ver se a água era mesmo quente. Entramos numa das piscinas construídas no local à beira do braço de água que escorre montanha abaixo e acho que água a 36º se pode considerar quase uma sauna. Maravilhoso tendo em conta que estavam pouco mais de 20 no ar. Aproveitamos umas quantas horas desta água maravilhosa e fomos embora para darmos as férias por terminadas, a viagem para Portugal Continental era quase de madrugada na manhã seguinte.
As nossas férias não correram assim tão bem como planeado. O plano diário que tinha em mente teve de ser todo alterado pois o Dudu esteve um pouco doente com vómitos e má disposição então tinha de planear os dias conforme ele acordasse e tentava fazer um percurso mais simples possível e com poucas coisas para ver para não o cansar demasiado. A experiência com os locais também não foi a melhor pois tive alguns encontros desagradáveis quando percebiam que eu era do continente, chegaram a ser bastante rudes até. Mas por outro lado também tive outros maravilhosos com pessoas super simpáticas, tal como uma família em que o senhor tinha aquele sotaque açoriano super carregado e que nenhum de nós percebia e a filha como sabia que era normal o pai não ser compreendido traduzia tudo. Foi numa altura de muita chuva em que estávamos a ver um miradouro e deixaram-nos abrigar na pequena tenda de venda ambulante deles e ainda brincaram com o Dudu para o animar. São atitudes destas que nos enchem o coração e nos dão optimas memórias, vou recordá-los sempre.Dito isto por um lado não tenho grande vontade de voltar porque não tive a melhor experiência, mas por outro quero voltar para me vingar e ver tudo o que não consegui ver e sair de lá com uma experiência mais positiva. A ver, a ver. Não estou a planear parar de viajar, portanto... vamos a isso!Stay Fresh!
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