Já passaram quase dois anos sem escrever aqui no Blogue, não tenho tido
muita vontade. Mas estou de volta para escrever sobre uma grande viagem que fiz
em 2015 aos Estados Unidos da América, mais propriamente ao midwest americano e
a Nova Iorque.,
O meu grande amigo André andava a viajar á volta do mundo (chequem aqui o
Instagram e aqui o Facebook) e achei a oportunidade
perfeita para fazer uma daquelas viagens que levamos meses a planear para não
falhar nada. E assim fiz-lhe uma visita a meio da viagem dele e aproveitei um pouco
do planeamento que ele fez para fazer as minhas férias. O resultado foi épico,
portanto segurem-se às cadeiras, bebam uma bebida gelada e espero que viagem
comigo neste relato sobre 15 dias de loucos.
Marquei a viagem no início do ano pela Sata. Se é uma boa companhia? Não de
todo, mas por 550€ ida e volta, tudo de bom (ou mais ou menos bom, vá, não é
preciso exagerar). Tratei de alugar o Mustang descapotável 2 ou 3 meses antes e
marcar também uns voos internos para poder voar de Boston para Chicago, pois a
Sata só voa para Boston, e de Chicago para NY.
O dia chegou, acho que mal dormi tal era o nervosismo de pisar solo
americano. Saí de PT às 15 e qualquer coisa, paragem de 1 hora nos Açores e
siga para Boston. O avião era manhoso, foram 7 ou 8 horas não muito
confortáveis, mas a vontade era tanta que nem pensava nisso. Cheguei a Boston e
a entrada no país foi tranquila e sem demoras, perguntas básicas e carimbo no
passaporte. Está feito, estou feliz. Nem saí do aeroporto e dirigi-me para
outro check-in e apanhei o voo para Chicago para ir ter com o André, viagem
essa que demorou cerca de uma hora. Sair do aeroporto, apanhar o metro para o
centro, encontrar o André na estação e seguimos para o Hi Chicago Hostel, o
único hostel no centro. O centro de Chicago é calmo durante a noite, o que me
surpreendeu, instalei-me no quarto, fomos comer qualquer coisa e conversar um
pouco antes de dormir, que apesar de ser meia-noite, em PT eram cerca das 5 ou
6 da manhã e apesar da enorme vontade de ver tudo, já estava mais que de rastos
após duas viagens de avião.
Acordamos cedo e fomos tomar granda pequeno-almoço com vista para a linha
de Metro, aquela que passa por cima da estrada como se vê nos filmes. Guardamos
as coisas nos cacifos do hostel e fomos dar uma volta enorme pela cidade, para
ver o básico. Edifícios enormes atrás de edifícios enormes, a torre Trump é
qualquer coisa de brutal. Passeamos pelas diversas pontes, fomos até a um
pontão onde havia uma festa qualquer, km atrás de km sempre maravilhado com
tudo. A meio da tarde tivemos de ir buscar as coisas pois começava a verdadeira
aventura: ir para Oak Lawn para apanhar o carro que aluguei. Ora, olhando para
o mapa pensei que, apesar de ser desviado do centro, era relativamente perto.
Errado. Esqueci-me que nos States tudo é enorme. Tivemos de apanhar o metro na
linha vermelha e ir até ao final no Sul e apanhar um autocarro que demorou
cerca de 45 minutos a chegar ao nosso destino. E sim, linha vermelha até ao
Sul, passar por Englewood e sair numa das zonas mais perigosas os Estados
Unidos. Se estava nervoso? Não, sou da Amadora! Agora a sério, eu nem sabia
onde estava, mas isto fica para mais tarde, vão perceber porquê.
Dormimos num Motel6, uma cadeia de motéis á beira de estrada que existe nos
USA. Nada a apontar, é um motel como todos os outros. Acordamos bem cedo pois tinha
marcado levantar o carro às 8am. Primeira aventura: andar a pé numa espécie de
via rápida para chegar á zona do carro que ficava no Chicago Ridge Mall e não
havia mais nenhum caminho ali perto. 2km com carros a passar ao nosso lado.
Agarramos no nosso Mustang vermelho novinho, V6 com 300cv, o que para mim
chega e sobra e que foi o mesmo preço por 8 dias do que um carro aqui em
qualquer sitio da Europa. Saímos do local de capota para baixo, música alta,
bem contentes da vida mas não tardou a termos de por a capota. Conduzir com 40
graus ao sol não dá com nada! Mas todas as noites eram noites de capota para
baixo e música alta! Ah, as recordações!!
Não tardou a entrarmos na tão aclamada Route66 que começa em Chicago e
partimos em direcção a St. Louis com paragens em Pontiac para ver o museu da
RT66, em Springfield por piada de tirar foto na placa (típico) e descobrir que
afinal estava ali sepultado o Lincoln. Fizemos uma visita rápida ao túmulo,
demos uma volta pelo centro da cidade e fomos dormir a um Motel6 de novo nos
arredores. Fazer este pedacinho da RT66 foi extraordinário, no meio de
plantações a perder de vista (milho? talvez) e passar por povoações pequenas,
ver mil alusões á estrada mãe em todo o lado, pequenos museus e sítios que
fazem parte do nosso imaginário. Imagino fazer a RT66 na sua totalidade.
Qualquer dia, fica prometido!
Seguimos para St Louis no dia seguinte, chegamos pouco depois de almoço e
como a cidade não tem muito para ver, fizemos tudo nas calmas pois tínhamos
tempo. Visitamos o sítio do Gateway
Arch, digo o sítio porque não pagamos para entrar, não achamos que
valesse assim tanto a pena. Após deambular pelo local e tirar umas boas fotos, inclusive
com um grupo de Amish (eu sei que parece estúpido mas ver um grupo de Amish
assim é algo que só pertencia ao meu imaginário). Percorremos uns quantos km a
pé para ir ver uma antiga estação de comboio transformado em Hotel com várias
lojas. Estavam cerca de 40 graus com uns 85% de humidade, foi um caminho um
bocado pesado para se fazer pois após percorrermos metade decidimos ir para o
sol, pois no meio da avenida onde havia um parque (Poelker Park) e árvores a
fazer sombra também havia muitas pessoas com aspecto duvidoso a beber álcool e
inclusivamente meteram-se com o André, algo dito assim para o ar, mas achamos
melhor trocar de passeio. Ainda vimos um início de porrada mas não se passou
muito mais.
A Union Station estava meio vazia, a não ser o lobby do hotel que
aproveitamos para refrescar com o ar condicionado, o interior de todo o edifício
era bastante bonito, arquitectura antiga americana, tivemos um espectáculo
privado de beatbox em que demos alguns dólares ao bacano que inventou uma história
mirabolante sobre não ver o pai há anos e que ia agora visita-lo e estava a
ganhar coragem. Estaria a falar a sério ou a inventar? Não sei, mas o beatbox
valeu a pena.
O final de dia em St. Louis foi demasiado bom para contrastar com o
resto da cidade que cheira mal e não tem bom aspecto o que faz com que não
queira lá voltar a não ser para repetir este final de dia. Fomos em direcção á
Delmar Blvd para ver o passeio do Rock n Roll e jantar no Blueberry Hill, o sítio icónico onde o Chuck
Berry (RIP) tocava todos os meses ainda. Infelizmente não apanhamos uma dessas
noites mas comi um hambúrguer que valeu a pena! Curiosidade foi ao sair do
restaurante, lembro-me como se fosse ontem! Estava meio fresquinho devido ao
A/C e o nosso cérebro dá-nos a info que está assim em todo o lado. Saímos para
a rua e parece que levei um chapadão de calor que nem sabia como respirar! Ah,
eram umas 22h, portanto foi algo memorável.
Como o dia a seguir ia ser gasto num Six Flags perto
de St Louis, fomos procurar dormida lá perto e arranjamos sem qualquer problema
na cidade de Eureka, o America's Best Inn, nada de mais, motel
simples. Estavam umas miúdas na recepção que trabalhavam no Six Flags, e como
boas americanas que são e falando com toda a gente, meteram conversa e
estranharam o que estavam dois europeus ali a fazer. Não me lembro bem da
conversa mas sei que teve a sua piada. Outro ponto engraçado: eram 23h e saí do
quarto descalço para fazer uma chamada e o chão fervia. Sim, fervia às 11 da
noite, tanto que tive de me ir calçar. Dafuq?
Acordamos bastante cedo para aproveitar o dia nas atracções do Six Flags e
ficamos admirados quando chegamos ao local a 40 minutos de abrir e já havia
filas enormes para a admissão. Estacionamos o carro e entramos sem grandes
demoras e o resto só estando lá para ver. Andamos em todas as montanhas russas
duas vezes e só saímos de lá quando o parque fechou. A comida era o típico fast
food a preços acessíveis e havia uma cena com uns copos grandes em que podias
fazer refill mediante a apresentação de um comprovativo. Ora o tuga, como bom
cigano que é, sacou uns copos que foram abandonados algures, lavamos tudo e íamos
aos sítios pedir para encher e quando pediam o comprovativo: "ah, ficou
com o meu amigo que está numa outra ride, temos mesmo de esperar por ele? Nem
sei quando volta!" Tá feito!
Última ride de todas, íamos a correr pois o parque já tinha fechado e quase
no final da subida ainda ouvimos um puto a parar todo ofegante, a olhar para
nós e para o amigo que ia mais atrás e dizer: DAYUM SON! Em bom modo sulista, o
que deu para nos fartarmos de rir.
Saímos do parque, fomos em direcção a Memphis que seria o nosso próximo
destino e dormimos num Budget Inn em Cape Girardeu e que medo de
sítio, daí ser tão barato. Era um motel super reles e aposto que se mexesse as
camas ainda via manchas de sangue de algum assassinato. Ok, estou a exagerar,
mas era assim tão mau que nem tomei banho. No dia seguinte somos acordados bem
cedo com um telefonema a dizerem: "são os donos de um Mustang vermelho? É
preciso tirar o carro do sítio porque alguém quer passar ou fazer uma
manobra." Saio á pressa e estava o parque vazio, com o "meu"
carro lá no meio sozinho e comigo a olhar á volta a pensar: ou estão a gozar
comigo ou está tudo maluco. Nem me preocupei em tentar perceber, meti o carro
perto da porta, arrumamos as coisas e fomos embora. Sempre devagar para
aproveitar a paisagem, almoçamos já perto de Memphis e como eu queria comer um
daqueles bifes á americano parei num restaurante, comi e quando paguei percebi
porque são todos gordos: pagar 25 dólares por uma refeição quando um menu
qualquer de fast food custa 7 ou 8? Fuck it, venha a fast food! Mas digamos que
a comida estava muito boa e soube-me pela vida, estava farto de comer
colesterol sólido.
Memphis tem uma vibe muito boa, cidade calma em que tudo parece fluir e
mexer a uma velocidade de cruzeiro nada stressante e bastante hipnótica.
Andamos km pela cidade toda, subir e descer a Main Street á sombra e ao lado da
linha do eléctrico é qualquer coisa de especial. Fizemos a Beale Street de cima
a baixo e tiramos umas fotos junto da estátua do Rei do Rock n Roll, óbvio, e a
saltar pelas notas de música que estão no chão com nomes icónicos do Rock n
Roll americano. Mas Memphis não se fica por aqui. Fomos, obviamente, ao Lorraine Motel onde foi morto Dr. Martin
Luther King a 4 de Abril de 1968. Não entrámos mas estivemos bastante tempo no
local, a ler tudo e a absorver a energia que, devo dizer, era um pouco pesada,
tanto que parecia ter um peso nos ombros quando saí de lá.
Demos mais umas voltas pela cidade, perdemo-nos num parque enorme junto ao Mississípi
onde vimos um pouco do por do Sol e dei por mim a pensar no que estava a
acontecer, que a viagem era real, que com esforço e dedicação e sem dar muito
trabalho se consegue marcar uma viagem com mil coisas para ver e fugir ao
conceito de turismo normal e sem ser necessário gastar muito dinheiro. Quando
penso neste momento junto ao Mississípi não evito de me sentir completo,
saudoso claro mas muito agradecido por tudo, por fazer as coisas acontecer.
Após paragem num sítio com wifi encontramos um motel para dormir, que fosse
perto de Graceland e lá encontramos o Airport Inn. A zona era tipicamente subúrbios
não com muito bom aspecto e o motel já não tinha, de todo, o glamour de
antigamente. Notava-se que deveria ter sido um motel grande com bagageiro e
salas de conferências e por aí fora, mas agora fica-se por ter um
recepcionista, luzes fundidas ou a funcionar mal, com pó e sem qualquer tipo de
obras de melhoramento, o típico cenário para um filme de terror ou suspense.
Largamos as malas no quarto, verificamos que o A/C fazia um barulho repetitivo
ao funcionar e que seria impossível dormir com ele ligado e fomos para o centro
para jantar. Estacionei junto ao Fedex Forum e apanhamos a Beale Street mais á
frente e qual não foi o meu espanto quando vejo a rua cortada com motas em todo
o lado. Perguntei a um polícia o que se passava e ele diz-me que às
quartas-feiras é a noite das motas. Como já perceberam por um dos meus posts
anteriores, sou um grande fan das duas rodas e fiquei bastante entusiasmado com
o que se estava a passar. Jantei um granda Surf-and-Turf que estava óptimo,
perdemo-nos pelo meio das motas e voltamos ao motel. Quando estávamos no quarto
pergunto ao André: "Pah, porque é que isto se chama Airport Inn?" E
ao mesmo tempo ouve-se o barulho enorme de um avião a descolar. Pronto,
resposta dada. Daí isto ser tão barato. Para não falar de que íamos a entrar e
obrigarem a mostrar a identificação e as chaves do quarto num ambiente super
creepy com o recepcionista sempre desconfiado de nós.
A noite nem foi assim tão má, acordamos e fomos para Graceland para ver a
mansão do Rei. Centenas de turistas em todo o lado, demos uma volta pela zona
envolvente e decidimos que 35dolares para ver a mansão ou 75 para ver mansão,
carros e aviões não era a coisa mais sensata onde gastar dinheiro na viagem que
estávamos a fazer. Decidimos deixar isso para uma outra visita aos States e
para comemorar o facto de estarmos em Graceland para ir ao Arcade Restaurant, onde o Elvis almoçava todos os
dias e sorte das sortes até nos sentamos na mesma mesa dele. Long Live The
King.
Claro que paragem curta mas obrigatória era o Sun Studios antes de sairmos de Memphis e
assim foi, era preciso ver com os meus olhos o sítio onde nasceu o rock n roll.
Estúdio que gravou nomes como BB King, Johnny Cash, Elvis Presley, Jerry Lee
Lewis e tantos outros. Senti-me preenchido por estar ali.
Eram 3 horas e meia de viagem até Nashville, o nosso próximo destino, que
foi feito nas calmas, sem pressas e a apreciar a vista. Pelo caminho é óbvio
que paramos em Jackson para tirar uma foto, não fosse esta Jackson a tão
aclamada música do Johnny Cash com a June Carter. Demos uma volta
pela cidade de carro, o que não me impressionou e até achei assim meio xunga,
principalmente os subúrbios.
É engraçado viajar de carro pelos States, andamos km de carro a ver
cidadezinhas e povoações pequenas e mal te aproximas de uma cidade grande
começas a ver os prédios ao fundo, enormes, a indicar que estas a chegar a uma
cidade cosmopolita e Nashville não foi excepção. Estacionamos o carro e fomos
logo envolvidos por uma amálgama de cores e música e pessoas e ficamos logo
hipnotizados. Parte do hipnotismo prendeu-se com o facto de muitas pessoas usarem
chapéus e botas de cowboy, independente do estilo que vestiam. Percorremos a
Broadway toda com os seus bares e música e lojas de souvenirs a dizer: In Dixie We Don't Call 911. Final de tarde
passado junto ao rio Cumberland para recarregar energia e fomos dormir ao Rodeway Inn nas imediações da cidade.
Como viajo sempre de mochila, não importa os dias, já estava na altura de
lavar alguma roupa e como havia uma lavandaria mesmo perto, lá fui a pé até lá.
Foi tudo o que esperava, como num filme americano. Pessoal á porta com os
carros a ouvir música e a beber uns copos, o interior clássico á filme, tudo a
que tenho direito.
O dia seguinte começou cedo para irmos até ao Museu do Johnny Cash que
merecia uma visita e valeu bem a pena. Antes de partirmos fomos a um dos sítios
mais altos de Nashville (150m de altitude, wow) onde fica o Tennessee State
Capitol, aproveitar o sol, beber um sumo fresquinho, ver as vistas e seguir
caminho em direcção ao nosso próximo destino: Indianápolis, mas com uma visita
a Louisville pelo caminho. Quando encostamos para almoçar num desses fast food
de beira de estrada baratos, fomos ao Google Maps para confirmar o caminho e
vimos que perto de Louisville havia um Fort Knox. Seria o verdadeiro? Bem, não
custa nada dar lá um salto para ver. E não é que era mesmo o sítio da maior
reserva de ouro dos Estados Unidos? Para entrar na cidade era preciso mostrar
ID e ser revistado então deixamos isso de lado, ficamos apenas na entrada a
tirar umas fotos e siga, que não podíamos perder muito tempo, o objectivo seria
dormir em Indianápolis e o caminho ainda era longo.
Louisville não tem grande coisa para ver. Centro muito pequeno, demos uma
volta de carro por Old Louisville em que não percebemos se era tradicional ou
só xunga ao ponto de achar que seria meio projects. Qual era o nosso destino
nessa tarde? A fábrica-museu da Louisville Sluggers, a famosa marca de tacos de
baseball. E que final de tarde tão bom. Após nos perdermos na loja de
souvenirs, fomos ver as bating cages em que se pagava 1 dólar para bater umas
quantas bolas (talvez 10, não me lembro). Pagamos a primeira vez que entramos e
a seguir, como todos os americanos, meteram conversa connosco, perguntar de
onde éramos e após ficarem admirados por sermos Europeus e dizerem: "what
the hell ya'll doing here?" (clássico), o André perguntou cara podre se,
por sermos de tão longe não tínhamos direito a uma chapa e não é que aceitaram?
Lá fomos nós todos contentes para as cages de novo e saímos de lá a pensar em
fundar os Lisbon Sluggers, apesar da minha clara falta de jeito!
Lá seguimos caminho para Indianápolis, em que as próximas 24 horas seriam
algo do outro mundo. Saímos do estado de Kentucky e alguns km dentro do estado
de Indiana, já de noite, íamos a conversar e a ouvir música e começamos a ouvir
uns apitos. Então mas o carro está a apitar porquê? Mas afinal não é o carro.
Então é o quê? Sei lá, vem daqui do meio! Porra, é o meu telemóvel... hun???
Agarramos nos telefones para ler uma mensagem que dizia: "DANGER:
FLOOD!"
Oi?? Cheias? Mas como?? Nem está a chover. Dito isto começa a cair uma
carga de água do fim do mundo, algo que nunca tinha visto na minha vida, tanta
era a água que eu nem conseguia ver a estrada ou para onde íamos e o que me
salvou foi ir atrás de uma Pick-Up, se ela fosse para a valeta, eu ia para a
valeta! Seguimos assim uns km até apanharmos uns restaurantes e decidimos ir
jantar, já que se fazia tarde. Lembro-me que era um IHOP (International House
Of Pancakes, sim, é este o nome) e fiz a pergunta: "costuma chover assim
muitas vezes? Tem noção se vai chover assim muito tempo e será seguro continuar
viagem?" A resposta foi algo que não estava de todo á espera: "Sim,
costuma chover assim, a semana passada choveu desta maneira durante 3 dias
seguidos e não pude ir para casa devido às cheias." Ora que boa notícia!
Durante o jantar entrou uma família clássica de rednecks, todos eles meio
esquisitos e eu só pensava: bem, parece que o gozarem com consanguinidade aqui
nesta zona tem um pingo de verdade! Bem, passando os freaks á frente, a chuva
acalmou e decidimos seguir.
Não choveu mais mas chegamos um pouco tarde a Indianápolis e estávamos
super cansados e encontrar hotel foi uma aventura daquelas que só visto!
Era sexta-feira, pelos vistos os americanos saem todos de casa ao fim de
semana e vão para motéis, tudo cheio em todo o lado, tanto que andamos às
voltas e fomos dormir a Lafayette a 100km de Indianápolis, o que acabou por nem
ser muito mau pois no dia a seguir íamos para o Turkey Run State Park que
ficava mais ou menos á mesma distância. Não antes sem termos ido parar a um
motel em que fomos pedir preços, o bacano indica que deve ter um quarto livre
(sim, deve!), e ao abrirmos a porta afinal estava lá uma pessoa! Digamos que o
gajo da recepção estava meio perdido ali, com o seu chapéu de cowboy e pronúncia
do sul era o primeiro dia dele no trabalho, neste caso a primeira noite! Lá nos
devolveu o dinheiro e andamos mais tempo á volta até encontrar o Quality Inn em Lafayette, que foi bem caro tendo
em conta já serem 3 da manhã e estar tudo cheio. Estava tão cansado que
aceitava tudo, queria era dormir.
Sábado dormimos um bocadinho mais, obviamente, e fomos passar o dia ao Turkey Run State Park e foi das melhores decisões de sempre. Floresta virgem de Indianápolis, apenas tocada pelo homem para fazer alguns caminhos com um ambiente mágico, km's de caminhos no meio de árvores enormes com uma humidade que se podia tocar e um calor abrasador. Alguns caminhos estavam fechados devido ao episódio da chuva da noite anterior, bastante lama e em alguns casos o rio transbordou e submergiu os caminhos. Demos a volta ao parque nalgumas horas e ou voltávamos tudo para trás ou íamos por um caminho fechado. Estávamos na dúvida mas perguntamos a algumas pessoas que vinham por esse caminho e indicaram que estava com muita lama mas estava transitável. Bem, se eles conseguem, nós também! A lama era realmente muita e horrível, mesmo do escorregar e transformar qualquer um no monstro da lama, tal como vimos a acontecer a algumas pessoas, mas valeu muito a pena. Passar a ponte de madeira foi memorável. Nem sei quantos km fizemos, mas foram muitos, durante o dia todo.
Ao irmos embora duas situações engraçadas: um bacano que curtiu das minhas
tattoos e perguntou onde as fiz e eu respondi in Portugal, Europe. Ao que ele
ficou pasmado a olhar para mim como se eu tivesse dito a maior barbaridade de
sempre e foi embora de fininho como se nada fosse. A situação dois foi ter
visto uma pick-up ir embora com pessoal sentado na caixa aberta, com mullet, sem
t-shirt e faca á cintura, redneck a 100%. Adorei tudo!
Como podem imaginar o cansaço era algo já enorme ao final do dia. Fomos por
gasolina no carro, que ali na zona era ridiculamente barata, cerca de $2,55 por
galão e uns miúdos meteram conversa porque nunca tinham visto um Mustang dos
novos e, de novo, ficaram pasmados por sermos Europeus e o que raio andávamos
ali a fazer, num sítio onde não existe nada para ver.
Como íamos para Indianápolis no dia seguinte, dormimos ali por perto a
cerca de 40km da cidade num Super 8 em Brownsburg. Mais um episódio caricato
neste Super 8. A pessoa na recepção tinha já uma certa idade e não era assim
muito simpático até ao momento que nos pede a identificação e viu que eramos
portugueses. O olhar iluminou-se, tornou-se na pessoa mais simpática de sempre
e ainda disse que já tinha visitado Portugal, que tinha estado no Algarve, em
Lisboa e na Nazaré, que adorava a nossa comida e que a ganza era fenomenal!
Claro que nos rimos! Fomos jantar ali pela zona e ao voltar para o motel, ainda
era relativamente cedo e decidimos ir ao Walmart, que ficava mesmo em frente e
como estão abertos 24h devido a terem parque para caravanas, lá fomos nós dar
uma volta. Havia reboliço dos trabalhadores dum lado para o outro a reporem
stocks e mesmo assim quando nós passávamos ou eles passavam por nós, apesar de
não pararem o trabalho, diziam sempre: "y'all guys need help with something? Have
a nice night." Simpatia acima de tudo, que deixa qualquer um de bem com a
vida. Jogamos um bocadinho de baseball pelos corredores com um taco e uma bola
que estava na secção de brinquedos e quando pensamos que estávamos a agir que
nem crianças, eis que aparecem mais 3 ou 4 gajos no corredor ao lado e começam
a fazer o mesmo e a jogar Basket. Ok, menos mal, boys will boys, always! Apesar
do cansaço, ainda deu tempo para dar uma volta num daqueles carrinhos para o
pessoal com excesso de peso que estava perdido no parque de estacionamento e
fomos dormir já passava da uma da manhã. Que boas recordações.
Como Indianápolis não tem assim muito para ver e a distância até Chicago
era curta, recuperamos bem o cansaço e lá fomos em direcção ao que queríamos
mesmo ver: o circuito de Indianápolis, conhecido pela corrida Indy500. Deu para
estacionar o carro no interior do recinto, junto á loja de souvenirs e com
vista para a pista. Absorvemos a loja toda e estávamos a decidir o que comprar
e a comentar que seria mesmo bom era conduzir um dos carros, mas se nem
35dolares quisemos gastar na casa do Elvis, achamos que cerca de 500 para
conduzir o carro era algo impossível no momento. Mesmo ir no lugar do
passageiro, que ficava em algo como 200 dólares, achamos que era demasiado.
Mas, alguém não pensou como nós e de repente havia uns quantos carros na pista
a dar voltas. Fomos para umas bancadas na zona central e vibramos com o barulho
dos motores e da velocidade.
Lá fomos nós em direcção ao centro e de caminho quisemos cortar o cabelo e
como apanhamos uma barbearia pelo caminho, paramos e entramos. Era uma
barbearia de bairro a 10 dólares o corte e o dono era o Jake, uma pessoa de
poucas falas mas que parecia um bacano. Notou-se que ficou algo admirado por
estarmos ali, dois macacos tatuados num Mustang novo ali no bairro? Mas estes
tipos são loucos? Talvez. Mas curtia de ir lá cortar o cabelo novamente!
Pagamos, despedimo-nos e ficou a promessa de voltarmos. Talvez um dia.
Como disse, Indianápolis não tem muito para ver, estacionamos algures no
centro, demos uma volta a pé, vimos um monumento de homenagem aos soldados da
União, comemos alguma coisa e fomos em direcção a Chicago novamente pois ainda
eram cerca de 3horas de caminho mas como estava muito trânsito na entrada de
Chicago, o tempo de viagem aumentou consideravelmente. Voltamos a passar em
Englewood, desta vez de carro, e lá fomos nós em direcção ao local de partida:
Oak Lawn. Ficamos de novo no Motel6, fomos procurar umas pizzas para jantar, o
que acabou por acontecer num Papa John's e como não dava para comer no interior
fomos para a porta de um McDonalds para roubar wifi. Comer pizza de capota
aberta num Mustang, beber cola e roubar Wifi? Priceless. Deu tempo ainda para o
André conduzir o Mustang no parque de estacionamento vazio, eu ainda saquei uns
peões e fomos para o motel de sorriso na cara.
Acordamos cedo e fomos levar o carro ao stand e fomos falar com o Anthony,
a pessoa que nos entregou o carro no início. Era de poucas falas, sorria muito
pouco, mas estava particularmente eloquente nesse dia. Perguntas da praxe,
disse que eramos muito simpáticos, ficou com o nosso e-mail mas nunca chegou a
dizer nada (what up Anthony?). Disse para termos muito cuidado na volta pois a
zona do metro onde iriamos sair do autocarro era muito perigosa, mas como
eramos novos ali e com as tattoos, iriam ficar meio desconfiados, mas se
fossemos uma visita regular no local, que poderiam fazer o blood test. Ora e o
que é o blood test? Vem um bacano qualquer e dá-te um soco com uma soqueira e
juntam-se mais 8 ou 9 pessoas a bater em ti. Se voltares aquela zona és
respeitado. Tipo, what??? Mas eram 9 da manhã, os G's estão a dormir, não há
stress! Lembram-se de no início dizer que nem sabia onde estava? Já começava a
ter uma ideia, mas isto foi só a primeira história. O próprio Anthony admitiu já
ter vivido a sua quota-parte de vida loca, pareceu já ter pertencido a um gang
pela conversa, mas neste momento era um homem novo desde que descobriu a igreja
e os ensinamentos de Jesus Cristo. Bem, não acredito em nada disso, mas se ele
usou a religião para se apoiar e melhorar como ser humano, fico contente que tenha
tido um impacto positivo na vida dele e espero que o Anthony continue na sua
vida a ajudar o próximo e longe de problemas e a ajudar o máximo de pessoas que
conseguir. O melhor das viagens é sempre conhecer seres humanos como este, que
nos transmitem boas energias apesar de crenças e vivências tão diferentes das
nossas.
Lá deixamos o nosso Mustang após 1744 milhas (cerca de 2800 km), que
deixaram muitas saudades, fomos em direcção ao centro de Chicago e não, não
passamos pelo blood test, deixamos as coisas no hostel que tínhamos ficado 8
dias antes. Acho que andamos pela cidade desde as 11 da manhã até á hora de
jantar. Absorvi tudo o que havia para absorver das ruas do centro de Chicago,
dos edifícios, dos parques, da Cloud
Gate que é uma estrutura brutal, visitamos lojas e compramos
comida em vários sítios (e umas pipocas gourmet horríveis, se forem lá não
caiam no erro), e por momentos chamei aquela cidade minha. Que feeling, que
cidade! Até agora continua a ser das minhas cidades preferidas de sempre.
Preciso de voltar! Facilmente vivia em Chicago.
Compramos comida e fomos para o hostel, para a sala de convívio comer. Se podíamos
entrar ali? Não estávamos hospedados, claro que não. Mas estávamos no meio de
Chicago e só tínhamos voo às 5 da manhã, íamos para onde? Nada como usar o
hostel e se alguém perguntar, fizemos o check out hoje ao almoço!
Deu para ver um jogo de baseball, jogamos ping pong, estivemos á conversa
com um miúdo do Staff super simpático e interessado em tudo, perguntou montes
de coisas sobre a Europa e ainda falamos de teorias da conspiração e foi um bom
trocar de ideias.
Às 2 ou 3 da manhã lá fomos nós apanhar o nosso Red Eye Flight para NY.
Excitado? Estava em êxtase! Deu para dormitar no avião e ao chegar pela manhã
fomos de metro até Manhattan para ir ter a casa do Rui, o meu amigo que vive na
zona de Chelsea. Deixou-nos á vontade e foi trabalhar e claro que mal vimos o
sofá acabamos por adormecer umas horitas para recuperar energias, nada que
fosse estragar o nosso dia. Como o André é quase local em NY não foi difícil
para ele fazer um roteiro para vermos o principal. Fomos a pé até á Quinta
Avenida e Times Square, andamos pela zona do Madison Square Garden e do Empire
State Building e do Rockefeller Center e demos o dia por acabado sentado numa
rocha enorme no Central Park a contemplar o pôr-do-sol e a vista sobre a
cidade. Não há palavras que descrevam a sensação.
O jantar ficou a cargo do Rui, no restaurante de um Iron Chef, nomeadamente
o Morimoto e ficamos pasmados com tudo, desde a confecção dos pratos até ao wc,
tudo memorável.
O dia seguinte começou com um passei pelo High Line para podermos ir almoçar ao
complexo da Google, onde o meu amigo Rui trabalha. Eu já sabia que era demais
trabalhar ali, mas nada me preparou para o que vi. Além de ocuparem um
quarteirão inteiro e os trabalhadores terem trotinetes para se deslocar dentro
da empresa, existe salões de jogos em todo o lado, bares com comida de borla e
cafés e smoothies em todos os pisos e um food court que era qualquer coisa de
absurdo. Para não falar da vista no último piso. Maravilhoso.
Durante a tarde descemos até Wall Street e ao Ground Zero, deu para apanhar
o barco para Staten Island para ver a Estátua da Liberdade e fomos ainda ao
Harlem, mais propriamente á 139th and Lennox, a esquina onde o Big L (RIP)
estava sempre e foi assassinado e que tem um graffiti enorme. Missão cumprida.
Dia super preenchido.
No dia 23 de Julho o André saiu cedo de casa, iria continuar a sua viagem á
volta do mundo. Dormi mais um pouco e fui comer uns bagels brutais para o pequeno-almoço
ao Brooklin Bagel and Coffee, se forem a NY, não
falhem! Não tinha um plano feito para a visita a NY, decidi deixar-me levar
pelo vento e ir vendo as coisas aos poucos, absorver o sítio e toda a energia
da cidade que nunca para. Não faltou a foto da praxe ao Flat
Iron, um salto a Little Italy e apanhar o metro para Brooklin e
fazer a Brooklin Bridge ao entardecer com a vista do sol a pôr-se atrás do
prédios de Manhattan. Deu para jantar num restaurante de Ramen Noodles no Lower
East Side (RIP Raybeez) mesmo junto ao CBGB, não podia ter pedido melhor! Mais
uma vez, obrigado Rui.
Fui a pé até ao Empire State Building, subi lá ao último piso e deu para
contemplar a cidade de noite a ouvir um jazz tocado ao vivo. Demasiado bom. E
quando pensas que o dia não podia acabar de melhor maneira, eis que estou a ir
a pé para casa quando apanho o Danny Devitto a filmar qualquer coisa no meio da
rua! Esperei um pouco, pedi para tirar uma foto e o resultado foi épico! Que
dia! Que noite!
Já estava perto de terminar a minha estadia nos Estados Unidos, o último dia foi passado a fazer umas compras na Fifth Av, a apanhar o teleférico da Queensbridge para a Roosevelt Island, percorrer uma parte do Central Park e ver o Guggenheim por fora. Percorrer as ruas do Soho e gastar algum dinheiro nas infinitas lojas de streewear, comprar pizza e ir a comer rua fora e voltar ao Ground Zero para um último olhar antes de voltar á minha realidade. No último dia em solo americano, tomei o pequeno-almoço e foi apanhar o autocarro para Boston, eram ainda umas 4 horas de caminho. Foi uma viagem interessante á conversa com um ex-professor que agora era produtor de cinema (tinha feito o The Taking of Debora Logan) em que falamos da realidade social Europeia e Americana e foi engraçado ouvir um americano dizer que não percebe qual a pancada das pessoas com os USA porque ele adorava ser Europeu devido a termos um estado social muito mais justo.
Como cheguei cedo deu para dar uma voltinha ali pela zona junto ao
aeroporto em Boston, na baixa, almocei em Chinatown e andei por ali
perdido nas ruas e ruelas e gostei bastante do feeling da cidade naquela zona.
Fica a promessa de uma visita futura.
Já no aeroporto, estava uma fila enorme para fazer o check-in e vejo um
amigo meu de infância (what's up Bruno?), com o qual tinha jantado no Morimoto pois ele vive em Brooklin, ao qual me juntei pois ele ia no mesmo
voo que eu, mas saía nos Açores, ia com um amigo passar uns dias de férias. O
amigo ficou admirado com o que fiz em toda a viagem, mais ainda quando lhe
disse onde passei em Chicago para ir buscar o carro. Lembram-se de Englewood, a
zona sul? Pois bem, foi nesta altura que fiquei a saber que lhe chamam Chiraq
(Chicago+Iraq) pois é a zona mais violenta dos Estados Unidos. Ok, tudo de bom
então. Googlem por Chiraq e tirem as vossas conclusões.
O voo atrasou, a Sata é horrível a dar explicações, já estava toda a gente
de cabeça perdida, mas lá acabei por chegar a Lisboa sem problemas de maior
para começar a trabalhar no dia a seguir.
A conclusão desta viagem? Impossível ter sido melhor e Chicago é, até ver,
a minha cidade favorita. Os Estados Unidos têm tanto, mas tanto para ver, quero
ir lá muitas mais vezes. Fizemos 10 cidades, 8 estados. 2800km de carro e muitos a pé.
Deixo aqui o texto, um resumo, que o André escreveu no FB dele sobre a
nossa viagem que espelha bem o que passamos assim num geral:
"Foi bom. Quer dizer, foi melhor ainda! Saímos de Chicago rumo a St.
Louis pela clássica Route 66 no nosso Mustang vermelho, passando por Memphis,
Nashville, Louisville, e Indianápolis antes de voltarmos a Chicago uma semana
depois. Pelo caminho vimos o famoso Gateway Arch e abusámos do Six Flags de St.
Louis, jantámos no diner onde o Chuck Berry tocou centenas de vezes, vibrámos
com a animada Beale Street de Memphis, passámos no histórico Sun Studio, vimos
o fim de um dia reflectido no Mississippi, percorremos milhas e milhas de
estradas, auto-estradas e estradinhas. Andámos perdidos, mas também
encontrados.
Comemos na mesma mesa que o Elvis no restaurante que ele costumava
frequentar, passámos pela mansão dele em Graceland, dormimos em motéis bons e
maus, sentimos a amálgama de néones na Broadway de Nashville, visitámos o museu
do Johnny Cash, estivemos em frente ao Fort Knox, perdemo-nos dentro da loja da
Louisville Slugger e demos o nosso melhor na batting cage que eles tinham lá
dentro, apanhámos uma tempestade a sério no meio da auto-estrada, enchemo-nos
de lama no Turkey Run State Park, cortámos o cabelo num barbeiro de bairro e
sentimos o poder dos motores dos carros da Nascar no famoso circuito de Indianápolis.
O veredicto da viagem? Um autêntico sucesso, com mais memórias que qualquer
disco rígido alguma vez há-de ser capaz de guardar. Desde os malucos com que
nos cruzámos aos motéis onde não vamos querer ficar de novo, passando pelos
momentos históricos que revivemos à comida deliciosa que comemos (tirando
aquelas pipocas horrendas em Chicago) tudo fez desta road trip uma experiência
digna de viver e recordar - para além de um ponto alto nesta minha viagem.
Depois de mais um escaldante dia passado em Chicago voámos para Nova Iorque de
madrugada. A noite foi mal dormida entre a sala de convívio do hostel onde
tínhamos ficado na semana anterior e o voo de duas horas.
Mal chegámos a casa do amigo do Leo que nos ia emprestar a sala para dormir
nas próximas noites (duas, no meu caso) não demorou até que uma soneca se
desdobrasse rapidamente em algumas horas. Ainda assim não demos o resto do dia
por mal empregue e fomos dar uma volta pela cidade. Esta era a minha quarta vez
em Nova Iorque e arranjar um percurso interessante não foi complicado de todo.
Times Square, a Quinta Avenida, Central Park - os básicos. Que dizer? Foi uma
óptima tarde, que acabou connosco sentados em cima de uma das muitas pedras do
parque, com vista directa para a cidade. Mágico? Sem dúvidas.
Jantámos num restaurante japonês que parecia tirado de um filme e no dia
seguinte visitámos os escritórios da Google, cortesia do amigo do Leo, que trabalha
lá. Outra dimensão, seria a forma como eu os descreveria. Para além da vista privilegiada
da cidade, todo o complexo é impressionante. Uma sala só com Lego, outra só com
videojogos, comida saudável disponível por todo o lado, trotinetes para os que
precisam de percorrer distâncias mais rápido. É de loucos. Mas a jóia da coroa
vai para a cantina, que é semelhante a qualquer food court de centro comercial,
com a particularidade de ser tudo de borla. A sério, é outra dimensão. Obrigado
Rui!"
Saiam da vossa zona de conforto, agarrem numa mochila e vão á
descoberta!
Stay Fresh
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