Mas vamos então começar o report, dia por dia, da minha viagem de 3500km numa semana, eu na minha linda Honda Seven Fifty Custom e a Joelma no seu imponente Smart F2. Fomos á descoberta, sem hóteis marcados e as rotas a tomar estavam apenas definidas por alto! Sabia que tinha 5 dias para chegar a Biarritz, o resto é conversa. Levamos o mínimo de coisas pois estamos a tentar simplificar ao máximo as nossas viagens. Chega de malas enormes e tralha desnecessária. Nós os dois, um carro, uma mota, algumas roupas e ferramentas e o amanhã logo se vê!
Dia 1 (Sábado) - Lisboa -> Málaga - 640km
Saímos de Lisboa perto das 10h da manhã e fomos em direcção a Espanha. Era a primeira vez que ia fazer uma viagem tão grande de mota, estava bastante ansioso. Passamos a ponte e fomos em direcção á fronteira em Badajoz e parámos algures nas imediações de Mérida. Foram os primeiros 300km, super calmos. Tempo para comer qualquer coisa, fazer uma power nap e tomar um cafézinho. Seguimos viagem e ao chegar a Sevilha era suposto ter ido em direcção a Gibraltar mas enganei-me na saída e seguimos para Málaga. Não é grave pois já tinha estado em Gibraltar e assim ficava mais perto do meu objectivo principal do sul de Espanha: Deserto de Tabernas. Após 600 e qualquer coisa km páramos a 50km de Málaga, numa hospedaria á beira da estrada com uma vista bastante boa sobre as montanhas ao fundo e quartos super confortáveis. Primeira vez que fiz tantos km de seguida, primeira viagem de sempre que fiz e foi óptimo, ir a ouvir a mota, sentir o vento, o calor, os diferentes cheiros e ver as paisagens, faz-nos sentir vivos, fora desta apatia do dia-a-dia. Pensei que após 600km em cima da mota estivesse super dorido mas surpresa das surpresas, estava cansado, mas o cansaço normal de uma viagem, no dia a seguir acordei mais que pronto para outros tantos km feitos. A Joelma acordou mais cedo do que eu e decidiu ir dar uma corridinha com a vista para a montanha, o que não correu bem pois enfiou o pé num buraco, espalhou-se e torceu o tornozelo de uma maneira que mal o podia pousar no chão. Mas como "ser forte" é com ela, ligou o pé e siga caminho! Nada a fazer.
Dia 2 (Domingo) - Málaga -> Deserto de Tabernas - 300km
Não chegámos a entrar propiamente em Málaga pois seria
demasiada confusão e de confusão estava eu farto e além do mais estava ansioso
por ver o deserto. Fomos apanhar uma estrada nacional a seguir a Málaga que vai
em direcção a Almería e seguimos por aí. Ainda entramos numa zona dos subúrbios
de Málaga junto á praia mas estava tanto trânsito que desisti da ideia de ir
dar um mergulho. Ao passar junto á costa, a seguir a Motril e antes de chegar a
Castell de Ferro ainda deu para fazer um pit stop e apreciar a vista de uma
praia enfiada nas rochas com um mar azul-turquesa, tudo perfeito. Ok, a praia
podia ter areia, mas acho que é só um pormenor que não interessa tal era a
vista. A estrada que estávamos a seguir era a A7 (Auto-estrada do Mediterrâneo)
que é de borla e com muitas partes do troço novas, ou seja, alcatrão óptimo
para rolar. Descobri nesta viagem que as A são auto-estradas não pagas e que as
AP são as pagas. Nunca tinha reparado nesse pormenor. Ao chegarmos á entrada de
Almeria apanhámos então a nacional em direcção a Norte para chegar a Tabernas.
Fomos á porta dos estúdios de Hollywood que por lá ainda existem (Estúdios onde
filmaram os tão aclamados Westerns) e como já eram 17h e estavam quase todos a
fechar, decidimos ir para a vila comer qualquer coisa e encontrar um hotel barato.
Encontrámos o Hospedaria do Deserto, hotel á beira da estrada com quartos
grandes e confortáveis e uma piscina suficiente para refrescar tendo em conta
ainda estarem mais de 30 graus ás 18h, não fosse isto o deserto. Quando se ia
até á estrada dava para ter uma boa percepção do que era olhar para a imensidão
de terra árida, o calor seco e o vento quente e não se ouvir nada (caso não
passassem carros). Era algo do outro mundo. E passava lá uns dias sem problemas
nenhuns mas não desta vez que ainda tinha muito km por fazer.
Dia 3 (Segunda) - Deserto de Tabernas -> Alicante - 450km
Este dia começou cedo, tirámos umas fotos no deserto e lá fomos nós apanhar a A7 novamente. Iriamos em direcção a Valência e o meu objectivo era chegar lá mas eram 400 e tal km e ainda queria fazer um desvio até Carboneras e cedo percebemos que seria missão impossível. Mas como não tínhamos pressa, não estávamos preocupados.
Fomos a Almería pois diziam ser um sitio bastante bonito e com praias bastante boas mas... não. é apenas mais uma cidade costeira como as do Algarve, mas maior. Não me impressionou.
Vamos então para Carboneras, tinham-me falado maravilhas da vila e de uma praia chamada Playa de Los Muertos. Com este nome só pode ser coisa boa. A vila é bastante pequena e muito calma, óptima para umas férias em paz. A praia que queríamos ver fica fora da cidade numa área protegida. No caminho há uma fabrica de cimento o que nos fez ficar de pé atrás, cenário demasiado frio e cinzento para o sitio onde estávamos mas ao continuarmos a estrada facilmente esquecemos essa parte e ao chegar á praia já nem nos lembramos que havia uma fábrica ali em baixo. Um miradouro com uma vista brutal e uma praia com água transparente em que se vê peixes a nadar ao pé de nós. O caminho até á praia é que é bastante sinuoso, mas nada de mais, a recompensa é enorme. Demos uns mergulhos, secamos um bocadinho e seguimos caminho, pois era o pico do calor e nenhum de nós queria apanhar um escaldão, não seria nada bom para o resto da viagem. Fica a promessa que voltaremos com mais tempo.
Próximo destino seria a zona de Cartagena para continuarmos junto á costa pois a A7 ia mais por dentro e estava curioso para ver a zona de Torre Viejas pois vista no Google Maps, tem uma área rosa enorme, que são umas salinas. Almoçamos algures numa bomba de serviço e reparei que a mota começava a pingar gasolina de um dos respiradores do depósito. Não liguei muito, pensei que tinha enchido o depósito demasiado mas comecei a ficar preocupado pois não parava de pingar. Ao passar Cartagena a polícia num carro descaracterizado manda-me encostar numa saída da AE e vinham já com ar de poucos amigos. Ao chegarem perto de mim apontaram para a mota, que continuava a pingar gasolina e disseram que o melhor era arranjar um mecânico rápido e eu concordei pois queria era livrar-me da policia, não há muita paciência para interrogatórios. Ainda me perguntaram pelos documentos e pelo P que supostamente devia ter na matrícula. Informei-o que em PT é ilegal ter qualquer coisa na matrícula e como a mota é Portuguesa eu não me vou arriscar a levar multa em PT e que tinha enviado um mail para o consulado Espanhol em PT que me informou que desde a abertura das fronteiras na Europa que esses mesmos identificativos do país de origem foram tornados obsoletos, portanto eu não era obrigado a circular com ele. Torceram o nariz, tentaram pegar pelas inspecções pois não tinha o papel da mesma ao qual eu disse que não existiam inspecções em PT. Notou-se a cara de frustração por não poderem pegar com nada e mandaram-me arranjar um mecânico rapidamente. Ufff.
A partir dessa altura fiquei mesmo preocupado com o constante pingar, fomos a Torre Vieja mas já nem quis saber das salinas, que por acaso nem as conseguimos ver da estrada que passava mesmo ao lado, parecia so um terreno com água em cima, nada de mais. Queria era parar a mota num hotel e ver o que podia fazer. Continuámos em direcção a Valência mas para ir junto á costa apanhámos a nacional a seguir a Alicante, o que foi um erro enorme. Trânsito e hoteis super caros, chegámos a Benidorm no inicio da noite e foi outro erro. Aquilo é igual a Quarteira no verão mas com quatro vezes o tamanho repleto de ingleses bêbados e barulhentos. Hoteis a menos de 50 euros era ilusão e a mota não parava de pingar. O stress já estava a começar a aumentar em demasia. Decidimos voltar para trás para Alicante. Fiz uma espécie de garrote no tubo que pingava para ver o que acontecia mas mais uma má ideia: como o depósito não respirava, a mota ia-se abaixo. Esqueci essa solução obviamente. Chegámos a Alicante por volta das 22h, super cansados do dia atribulado e do stress e cheios de fome. Reparei que o pingar da mota não era assim tão grave pois o depósito não perdeu autonomia, fiz na mesma com um depósito (19L +-) os 350km que normalmente fazia em AE. Fiz o garrote na mota para não pingar durante a noite, tomámos banho e fomos encontrar um sitio para comer, que aquela hora teve mesmo de ser o Macdonalds numa rua igual á do Restelo em Lx, onde estão umas senhoras sentadas nas paragens de autocarro em trajes mínimos. O que nos valeu foi a noite quente e o quarto estupidamente confortável e barato neste hotel nos subúrbios da cidade.
(não há mais fotos deste dia pois com o pingar da mota nem me lembrei mais de tirar fotos)
Dia 4 (Terça) - Alicante -> Zaragoza - 500km
Saímos do hotel a meio da manhã, fomos atestar os depósitos e lá partimos em direcção a Valência pela A7 para depois seguir pela A23 até Saragoça. Gostava de ter ido junto á costa mas só de pensar que teria de passar em Benidorm de novo, deu-me uma azia que nem pensei duas vezes em apanhar a AE. A meio do caminho lá consegui falar com o meu grande amigo Quim, que trata da minha mota, e me disse que abrindo a tampa do depósito, bastava depois pressionar o o-ring que encosta no depósito e a chave saltava fora. Pois bem, assim o fiz e para quê? Assim ia com o depósito aberto para respirar e já podia colocar um garrote no tubo do respirador que estava a pingar. Se foi uma solução segura? não de todo, mas era a única que me dava alguma esperança de poder concretizar a minha viagem, mesmo que indicasse não puder encher o depósito todo para, ao travar, não deitar gasolina fora (o que chegou a acontecer algumas vezes... e o cheiro nauseabundo de gasolina queimada que ficava a seguir? ouch.).
A viagem correu sem incidentes e não parámos em lado nenhum em especifico, apenas nas imediações de Valência para almoçar algures. A meio da A23 o tempo começa a mudar e a ficar bastante cinzento e ao olhar pros carros em sentido contrário começo a reparar que alguns deles vinham molhados. Mau sinal, principalmente com o depósito aberto. Parei para vestir o casaco impermeável mas não tinha as calças impermeáveis comigo, pensei que não fosse chover assim tanto, mas sem medos. Uns km mais á frente começa a chover torrencialmente e a trovejar como se não houvesse amanhã. Devo dizer que andei á chuva uns 50 ou 60 km cheio de medo, mas a sentir-me vivo e agradecido por estar a passar por aquilo, principalmente com a Joelma no carro atrás de mim a controlar tudo.
Encontramos uma daquelas bombas que têm hostel por cima, claro que parei, completamente encharcado e fui perguntar qual seria o preço de uma noite ao qual respondem que estavam em obras e não tinham quartos disponíveis. Fiquei um pouco incrédulo com a má sorte mas não há nada a fazer. Indicam-me que 30km há sitio para dormir e eu nem hesitei, vamos lá de novo para o meio da chuva.
Os 30km a seguir foram feitos de chuva torrencial sem parar, sempre a 60 ou 70km/h em que até preferia ir atrás dos rodados dos camiões pois parecia que apanhava menos água do chão (como não tenho pára-lamas á frente, levo com a agua toda que está no chão, ou seja, chove duas vezes em cima de mim).
Passaram os 30km... a bomba e o sitio para dormir? Nem ver! Nada! Desapareceu tudo? A mulher enganou-me? E agora?
Faltavam cerca de 20km para chegar a Saragoça, mal encontrar um hostel eu paro!
Enquanto estou eu a pensar na minha sorte e no que faria a seguir e para onde ir, a chuva pára e fica um calor abafado que só visto, o que acontece a seguir? Nos 20km que faltavam, tal era o calor, sequei totalmente! Ainda bem que continuei viagem. Entrámos na Z40 para dar a volta á cidade, para não entrar e apanhar trânsito e saímos em direcção a Logroño, na A68. Parámos numa cidade ao lado chamada Utebo e fomos dormir ao hotel Europa no qual vi o preço no Booking.com primeiro e eram 45€ se não estou em erro. Dizem-nos na recepção que a noite seria 55€ e nós mostramos a APP com o preço mais baixo lá e eles nem disseram mais nada, disseram que podia ser os 45€ á vontade. Pudera, se não quisessem, eu marcava pela net e eles ainda tinham que pagar comissão. Está bom assim! Guardámos os veículos na garagem, ainda dei uma boa limpeza na mota (coisa que fazia todos os dias após as viagens), olear a corrente e dar uma vista de olhos geral no motor e na mota toda para evitar problemas de maior.
Bom quarto, cama confortável e só tinha as botas e as meias ligeiramente molhadas então toca de as meter por cima do frigorifico do minibar que estava bastante quente dentro do armário e secaram até á manhã seguinte! Top!
Chuva? Que ideia. |
Paragem para vestir o casaco impermeável |
Descansar o braço e a tampa aberta presa com tape. |
Toca de acordar a meio da manhã, era Quarta-Feira, estávamos com uma boa média de km por dia e tínhamos mais que tempo de chegar a Biarritz pois eram pouco mais que 300 km até lá. Fomos ao supermercado abastecer de comida e água e lá fomos nós em direcção a Pamplona. Em vez de irmos pela AP68, pois é paga, apanhamos a que está mesmo ao lado, A68 e que belo erro que foi. Comecei a ver a estrada bastante degradada e com altos e baixos e placas constantes a indicar estrada em mau-estado (no shit sherlock). "Devem ser alguns km assim apenas, ou então apenas a A68" pensei eu. WRONG. Foram cerca de 160km de AE horrível (A68 e AP15), a pior estrada que já apanhei até hoje, cheia de camiões e solavancos, tão má que perto de Pamplona eu já estava em pânico, cheio de dores nas costas e com as pernas e braços dormentes e a pedir á Joelma para parar e ela sem perceber pois tínhamos atestado de manhã e o depósito nem tinha chegado a meio. Mal apanhei uma bomba parei a mota e deitei-me no chão cheio de dores, tal era o meu desespero. Tivemos de parar o carro no meio da bomba pois não havia sombra em lado nenhum e estava um calor de morte. Só pensava que se a estrada fosse assim por muito mais tempo acho que não era naquele dia que tinha chegado a Biarritz.
Comi um chocolate, bebi um Monster para acordar, descansei um bom bocado até já não sentir dores e estar mais confortável e lá seguimos viagem pela AP15 até San Sebastian, paragem obrigatória pois diziam ser a cidade mais bonita de Espanha.
O resto da AP15 foi fixe, apesar de muitos camiões pelo caminho, mas ao menos o alcatrão era de boa qualidade e já não tive mais problemas físicos. Chegámos a San Sebastian quase a meio da tarde, voltinha pela cidade para encontrar o caminho para a praia e lá estacionámos junto a uma com uma vista fantástica. San Sebastian é sem dúvida a cidade Espanhola mais bonita. Prédios que não causam poluição visual, algumas catedrais antigas bastante bonitas, a praia ao lado com montanhas á volta, tudo param se ter uma vida perfeita. Após um gelado, altura de seguir para Biarritz.
Viagem pela nacional, adorei as vistas e algumas terras á beira-mar por onde passámos já a seguir á fronteira.
Ficámos no Hotel D'Anjou, duas estrelas, ou melhor, num anexo que fazia parte do Hotel. Eu consideraria aquilo mais um Hostel que Hotel, o Anexo ficava na rua ao lado, era um prédio com dois andares com mais quartos e era caro para as condições que tinha, mas tendo em conta que Biarritz é tudo estupidamente mais caro, aceitei as tarifas, senão ficávamos sem sítio para dormir.
Guardámos as coisas todas no quarto, limpei a mota, estacionámos como deve ser no parque do hotel e fomos ver um pouco da cidade que é bastante agradável, facilmente vivia ali. Jantámos num bom restaurante á beira da praia e como som de fundo eram as constantes motas custom que passavam a fazer o barulho infernal, mas não a fazer barulho de propósito, as pessoas iam simplesmente a passear em grupos, calmamente e a apreciar a vista, grande feeling mesmo.
Mais uma voltinha pela cidade pra ver mais umas quantas motas, comer um gelado e fomos para o quarto descansar. Sei que ainda vi um jogo qualquer do Mundial do Brasil e acabei por adormecer.
A paragem a seguir a Pamplona |
San Sebastian |
Biarritz |
Dia 6 (Quinta) - Biarritz - Wheels and Waves
Era suposto termos acordado cedo para ir ver a competição de Surf do Wheels and Waves mas a cama foi mais forte e venceu e fiquei na ronha. A Joelma foi fazer umas compras e ainda antes de almoço fomos ao recinto do fest e demos umas voltas pelas bancas e vimos as centenas de motas que por ali andavam. Almoçamos qualquer coisa leve e fomos bater uma praia que ficava a uns 300 ou 400 metros do hotel, e que bela praia! Bom sol, boa brisa, agua verde-esmeralda limpinha e ficámos numa espécie de pontão que dava para dar grandas mergulhos. Uma excelente tarde após 5 dias de viagem intensivos!
A meio da tarde seguimos novamente para o farol da cidade onde era o Wheels and Waves, bastante agradável com ainda mais motas customizadas até perder de vista. Montes de pessoal simpático, falei com algum pessoal tuga que andava por lá, fomos ver a exposição de motas e fotografia no centro de Biarritz e era hora de jantar. Mais uma voltinha pela cidade e pelo recinto do festival e demos o dia por acabado.
Dia 7 (Sexta) - Biarritz Wheels and Waves - Jaizkibel Punk's Peak Race
Este era o dia da primeira run deste festival, até um sitio montanhoso perto de Irun, já em Espanha. 40km de run e no topo da montanha 32 pessoas competiam em drag racing 1x1 até os últimos dois para decidir um vencedor. Estava um pouco nublado mas a run correu bem, alguns enganos no caminho mas lá se deu com o sítio. Tinha comida, bebida, musica, estava calor e a vista era algo do outro mundo, fazia lembrar as montanhas nos Açores pois de um lado tínhamos vista para a cidade e para a marina, e do outro era o mar. Após as corridas o ponto de encontro foi na marina de Hondarribia para a entrega dos prémios, hora de comer qualquer coisa e seguir caminho para Biarritz.
Jantámos de novo no restaurante do primeiro dia, junto á praia, outra volta pela cidade, mais um passeio até ao recinto do fest, bandas ao vivo e toda a gente de sorriso na cara pois estava a ser um festival com um ambiente bastante bom e positivo.
Voltei para o centro da cidade juntamente com o pessoal com quem estava e fomos para uns bares junto á praia e lá ficamos na conversa até ás tantas pois o tempo a isso convidava. Ainda vimos o Roland Sands (da Roland Sands Designs, sim, esse mesmo) a fazer das suas na sua Yamaha Custom, despedi-me do pessoal (pois ia embora no dia a seguir) e fui dormir contente por ter conseguido estar no Wheels and Waves e por ter conhecido pessoal tao simpático e por ter visto criações do outro mundo. Bucket List Check!
Dia 8 (Sábado) - Biarritz -> Lisboa - +-1000km
Tínhamos decidido sair no sábado em direcção a Lisboa pois eu trabalhava na Segunda-Feira e pensava em pernoitar em Salamanca. Check out feito e saíamos nas calmas de Biarritz por volta das 11h, com o tempo já manhoso e quase a chover. Nacional até Irun e era suposto apanhar a A1 mas por distracção ou o GPS se ter baralhado, apanhamos a AP1. Era paga, mas sem stress, pelo que vi não era muito tempo, não podia ser assim tão cara (e não era, embora não me lembre do valor exacto). Estrada bastante boa, túneis enormes, boas paisagens e um bocado de frio mas nada que não se aguentasse. Passamos Vitoria-Gasteiz e a meio caminho com Burgos lá ficou melhorzinho o tempo, as montanhas começam a ficar para trás e em Burgos deixámos a AP1 e apanhamos a A62 que era de borla, era uma AE mas claramente em pior estado e muitas vezes parecia uma nacional, e estava em obras em certos pontos, mas fazia-se na boa, a paisagem era fixe, o tempo estava óptimo, venham km! Ah, uma dica: cuidado ao pagarem as AE's em Espanha, muitas vezes os cartões MB Portugueses não funcionam, é um sistema muita esquisito. O melhor é mesmo pagar em dinheiro pois nem os de Crédito por vezes aceitam.
Com as paragens habituais chegámos a Salamanca a meio da tarde, deviam ser umas 17h. Passamos os limites da cidade e apanhámos a estrada em direcção a Portugal e parámos na bomba de gasolina. A Joelma fez-me a pergunta pertinente: "Olha lá, não vais parar para dormir pois não?" - Como ela me conhece bem! Ri-me e realmente disse que não me apetecia parar, o tempo estava bom demais para andar de mota, boa luz, temperatura ideal, estrada vazia, só apetecia rolar sem parar! Comemos qualquer coisa, descansámos as pernas, uma power-nap para restabelecer energias. Fiz as contas e devíamos chegar entre as 21h e as 22h a casa e pensei: está perfeito!
Em Portugal fomos pela A23, claro, que percorremos com apenas um problema: não sei se era por ser mais ao final do dia e estar mais fresco mas apanhava tantos mosquitos que tive de parar algumas vezes para limpar a viseira do capacete! Surreal!
Entrámos na A1 no nó do Entroncamento e já era de noite e partir daqui, sim, senti uma dificuldade enorme. Parei nas primeiras bombas para atestar e segui para os últimos 100km que pareceram outros 1000. Já tinham sido muitos km nesse dia, estava cansado e o ser de noite não ajudava, até as luzes dos carros me faziam confusão. Tinha as pernas doridas e os pulsos doíam-me e nem o pisca conseguia fazer ás vezes, foi mesmo um martírio, pelo que decidi andar mais devagar por segurança, o que aumentou o tempo de viagem e só chegámos a casa perto das 23h. Admito que não me lembro de muito desses últimos 100km.
Chegámos felizes e cansados, ou melhor: de coração cheio e exaustos. Foi a minha primeira vez numa viagem assim tão grande de mota, foi a primeira vez da Joelma numa viagem assim tão grande de carro a conduzir, foi a primeira vez tanto da CB750 como do Smart a fazerem tanto km e que bem que se portaram, tínhamos tudo para estar radiantes.
O Domingo foi passado a descansar e o resto é história.
Há também alguns videos da viagem, quando me decidir a editá-los e a colocar online, meto por aqui.
Venha a próxima viagem ou expedição. Estamos prontos!
Stay gold.
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